Em braços macios

Lívia foi um clarão na minha vida, um resplendor de mulher. Lívia me abraçava, me envolvia, me embalava e o tempo não passava. Lívia sabia algo de mim que eu não sabia.

A primeira vez que nos encontramos foi no seu flat, toda os detalhes da mobília e espaços foram ofuscado pela lingerie branca sob sua pele. Tom sob tom, água do mar sob cristais, o sol diante da luz, o baixo contraste do meu desejo. Lívia, naquele momento, ja sábia sobre mim mas do que eu mesmo.

“Água?” – perguntou. Anui. Parece que o sexo ja começara ali. Ela me olhava, ria. Não sei o que pensava de mim. Suas ancas avantajadas entaladas na minha garganta quase me fez engasgar com a água. Ela riu de algo que não sei. Copo posto na pia, ela me conduz.

A mão que me conduziu pra cama me puxou pela alma. Ardeu meu desejo e me consumiu. Lívia me deitou. Sentiu minha passividade, me abriu por dentro com seu olhar. A mão que me acariava, me agarrava o juízo. “Mais do que imaginava”, eu pensava. Lívia me devorava.

Sentir o peso do seu corpo sob minhas pernas me fez sentir grande (finalmente um pouco de autoestima). Sua mão esquerda pressiona meu peito e me afoga nos lençois. A direita ajeita o encaixe. Um pouco pra lá, pra cá…e os portões do paraíso se abrem perante a mim! Deus, não me perdoe, porque sei exatamente o que estou fazendo.

O primeiro oral de uma boca desconhecida a gente nunca esquece. Tudo novo na ponta do vulcão. O sangue sobe, molha e enrijece. O choque térmico do ar condicionado com o calor da sua boca me fez estremecer! Sua lingua se deliciava, subia e descia, sugava, mordia. Livia me devorava. “Acho que não vou aguentar”. Ela riu dinovo. “Então vem cá”. Uma ordem. Não pestenejei e mesmo que quisesse, não conseguiria, o dominio do meu corpo não era mais meu. Foda-se!

O sobe e desce da suas ancas, suas coxas me expremem, me cativam, apertam! E agora me sinto pequeno diante de um monumento, de algo quase ancestral, que abala minha fé me tragando pra essa nova ceita de ritual delicioso. Seus longos cabelos chicoteiam meu rosto me cegando! Num solavanco ela os joga pra trás, como uma espécie de alto flagelo do desejo. Ela molha, eu me esqueco. Eu endureço, ela se amolece. Opostos que se complementam. Sua mão agora circula meu pescoço, sua cavalgada é forte e sua unha perfura meu suor. Seus seios rejeitam a gravidade por um segundo, balançam no ar, se distorcem da minha visão. Lívia sabe o que faz.

O ritual atinge seu ápice. A oferenda se fez. O suor foi derramado. O sinal do seu desejo escorre pelo meu palo alto. Desejo, ilusão, tesão, sonho, loucura, e um pouco mais! Tudo isso na minha cabeça ao mesmo tempo. E num apertar de unhas e coxas eu não resisto. O ultimo ingrediente do ritual é despejado e tudo o que resta são corpos exaustos. Ela riu.

Entre a cama e a ducha a gente conversa. Ela me conta suas aventuras e propostas de casamento de pessoas apaixonadas. Eu conto da minha vida pacata. Nossos contrastes. Suas pernas cruzadas na cama me confirmam suas histórias. Seu sorriso me puxa pra ser mais um personagem seu. A realidade sempre me vendo do lado de fora da janela do seu quarto. “Vou indo” – sem jeito, digo.

“Mas já?”

“Fica ate quando na cidade?” – pergunto

“2 semanas”

“Eu volto.”

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