vida ardente que habita o meu ser e o desejo eloquente de conhecer mundos novos, típico de um astronauta principiante, me despejou por ruas e avenidas. Ja viajei demais para mim e pouco para o mundo, pois estou no intermédio de uma alma nova demais para amar e um corpo velho demais para viver.

O homem (e aqui eu me refiro ao coitado do humano hétero, masculino, cis de barba) é um ser de sorte e amaldiçoado. Criou toda essa cultura patriarcal de masculinidade viril de posses bruscas e interruptas, conquistou terras com seus nomes e apagou tantos outros da história com seu ego de virilidade ogra. Por azar, veio só, segundo a bíblia. Deus teve que arrancar uma das suas costelas para lhe dar companhia. E daí em diante, a “história” começa a criar culpa por todo o mal que acontece no mundo às mulheres. Na mitologia, Zeus foi salvo por sua mãe e cuidado por ninfas. Mulherengo, parecia temer a própria solidão e vivia tendo casos extraconjugais Olimpo a fora.

Ainda por azar da Criação divina, veio com um pau. Objeto de prazer e símbolo de poder e virilidade na sociedade, Freud explica. O pobre do homem, regido pelo pau e só, transforma sua genital em uma britadeira sexual com um único ponto de prazer na vida. Já as mulheres…….

E há tanto peço a Homero, ou melhor, as Musas de Homero inspiração para guiar, nortear esse coração azul. Meus pés gélidos em calçados de tecidos perambulam noites a fora e as luzes de postes me parecem velhos titãs que me fitam com seus olhares de pedra. As ruas de solidão e tristeza marcam a caminhada da busca.

Mas hoje, me atraquei num porto. Vim conhecer um coração quente e vernacular. Forte em suas decisões, suave em suas canções. Nos conhecemos de longa data pelos caminhos digitais, pelas fotos de redes sociais e comentários perdidos em feed de notícias. Mas, a princípio, nossa relação era formal como toda relação de trabalho deve ser.

Mas naveguei, vim em sua busca, mesmo por tantas tempestades e minha embarcação a falhar, mesmo com olhos marejados das angustias da vida, eu fui. Como não deixar de ir?

O coração, meus amigos, adora pregar surpresas. Te joga um frio na barriga, que até mesmo os mais seguros sobre si caem em dúvidas. E foi assim. O abraço, o beijo, o cheiro, o boas-vindas. Inverno gelado no meu abdômen de homem inseguro. O cansaço da jornada que atingia meu corpo foi abatido pela ansiedade do encontro.

Melissa me conduziu ao monte Hélicon e o frio de fora já não me preocupava mais. A porta se fechou nas minhas costas, mas pouco tempo depois ela saiu. 

Lembrei da primeira vez que ouvi sua voz. Mesmo sem conhecer sua fisionomia, as ondas sonoras das suas cordas vocais desenhavam na minha cabeça o seu rosto fino e eu olhar penetrante. Os cabelos cortavam o ar e escorriam nos ombros. Seu nariz sutil e sua boca afiava me ameaçavam de um jeito cordial. Suas mãos jaziam as certezas de mundo e trazia consigo todo o aparato para conduzir os homens ao seu devido lugar. Seu cheiro atravessou as minhas vestes, invadiu os pelos do meu corpo e lá ficou. Até então fora um abraço.

“Vou descer, Isa chegou”

Minha barriga era o zero absoluto. Busquei a janela da sua sala para me aquecer. O mundo lá fora havia parado mesmo o meu relógio insistindo em contar as horas. Minha cabeça ansiosa por um instante se aquietou, talvez minha mente também não sabia mais processar os pensamentos e deu espaço para o vazio. A porta se abriu.

Havia ido tomar um banho quente. Meu corpo parecia não ser meu, como se vivesse a vida de outra pessoa. Mas deixei a agua queimar e me trazer pra realidade, eu estava no encontro das Musas. Me enrolei na toalha e saí.

Adentrei o quarto da Mel. E ambas repousavam já na cama. Suas lingerie tricotavam meu juízo. Os traços orientais das duas e suas vozes ressonantes enfeitavam o local e minha mente de sonhador.

Isa tem um toque gentil, sua pele era um exagero de maciez. Seu rosto trazia algo angelical e me lembrava alguém muito querida. Seus olhos sabiam da minha timidez. – Deita aqui, ela disse. Meu corpo foi movido por uma força que não percebi e, de repente, me vi deitado entre elas.

Foi quando Melissa me acariciou, sua mão percorreu perna, cintura e tórax. Parecia que ela já sabia de cada parte minha. Seus dedos macios massageou minha alma, me pôs numa mistura de êxtase e descanso. Seu corpo era um templo e havia um ritual para entrar, um ritual dela, por ela, através dela. Sua boca me devora. Meu pau desaparece nos seus lábios. Estremeço. Abraço Isa, que logo me vira e entende. Ela me beija. Seu beijo, um sedativo para preocupações, um combustível para o prazer. 

Sou devorado por elas. Melissa comprova o que eu esperava: assertiva no desejo. Suas mãos me pressionam contra a cama, meu pau não é mais meu domínio. Suas bocas reservam na cabeça, Melissa segura, Isa chupa e vice-versa. Uma dança erótica surge, o salão em águas, babado, dedos que contorcem e apertam. Línguas que encontram e enroscam. O polimento.

Sou sufocado, de repente Melissa se sobressai em minha direção, suas pernas envolvem meu pescoço e ela senta na minha boca. Sua calcinha é posta de lado junto com minha sanidade. Onde estou? Seu cheiro é doce, seus lábios macios mas quem toma a iniciativa é ela. Sua buceta me beija e se esfrega nos meus lábios que logo corresponde. Ah! Ignóbeis mortais, se soubessem! Beijar a flor de uma Musa e respirar seu pólen, beber do néctar do seu desejo que escorre nas reticencias da minha alma me fez perceber o quão pequeno sou! Perdido na flor de Melissa, Isa me põe entre suas pernas e seu encaixe me estremece. Ela geme.

Meu sufocamento consentido e prazeroso é repleto de gemidos e estalos de beijos. Logo encontro o ponto da flor e lá chupo, belisco e esfrego minha língua ultrajante. Aperto as coxas de Melissa a ponto de deformar sua tatuagem de gueixa com tamanha pressão e desejo. Invado seu templo molhado com meu corpo de pecador. Blasfêmia? Insurgência?, talvez! Quando que um súdito poderia adentrar tal recinto sagrado? Ah!, mas as portas foram postas na minha frente e fui sugado. 

A condenação sufocadora é interrompida. Melissa concede uma temporária libertação da sua câmara de desejo. Me deparo com os majestosos seios de Isa desafiando a gravidade em um sobe e desce majestoso. Sua boca contorce e ela morde os lábios, geme. Meus olhos desorbitados de prazer procuram os seus, ela me vê por demais, parece saber o que penso e o que temo. Então, passo o braço por sua cintura e pressiono cada vez mais seu corpo contra o meu como se desejasse quebrar as leis da física unindo dois corpos no mesmo espaço. Sua sentada me parte ao meio, a cama balança, Melissa ordena: “Isso, fode ela”. E sem pestanejar, como um súdito, um cachorro adestrado, começo a dança! Isa se debruça sobre mim, solta as rédeas e perde o controle. Animal selvagem, me torno! Livre e sem cordas com desejo entalado na garganta faço meus passos bruscos. Melissa ordena, Isa concede e eu obedeço. “Meu reino por um cavalo!”  – Shakespeare já escreveu. E então me dobro, ofegando, procuro não pensar. Isa se destaca de mim, sua flor insaciável que agora a pouco me comia, me põe pra fora. Deslizo por sua buceta, liberto do seu abraço, mas não do seu desejo. 

Me volto para minha Musa nipônica, ela se prepara pra me receber e em pé eu aguardo seus preparativos. Que os Deuses me protejam do vício pelo desejo de navegar nas águas orientais. Apolo, deus das Artes, me guie por suas ninfas rebeldes! Perdeste o controle e por ti entendo e compreendo, pois homem nenhum é capaz de obter os padrões de um comportamento tão visceral. Melissa se abre, ergue seu templo, devagar eu percorro seu salão magistral. Ah! Suas ancas nas minhas mãos. Melissa rebola, sua cintura parece não ter estrutura óssea, me hipnotiza. 

Isa vem ao meu encontro, me beija. Seu perfil meigo me excita. Desconto sua meiguice na buceta de Mel, que logo se contorce e empina mais seu monte Olimpo. Isa acaricia sua bunda, conforta e inveja sua parceira amiga. Um sorriso malicioso é desenhado no seu rosto que me queima por dentro e me rebelo contra minha Deusa! Montando-a, carrego todo o meu desejo no membro duro dentro dela. Beijo suas costas, sua pela, suas tatuagens! Por tanto que queria e agora posso, por tanto que esperei e agora veio, em ti e dentro de ti. Meu pau estremece!

Me jogo na cama. “Me devorem, eu imploro”. Elas leem meu pensamento! O ritual de encerramento começa, os ventos do norte se encontram com o do sul, o mar se agita. Os corpos se unem cada vez mais, três bocas viram uma. Já não sei quem é quem, suas bocas sobem e descem, peito, barriga virilha, pau e meu saco. As ondas de calor vêm, beijam a praia, areia molhada, dedilho suas conchas macias, meu pau se estremece. E num súbito árduo momento de prazer extremo, o gás interno queima, combustão instantânea, queimaduras internas me lançam no espaço. “Vem na minha boca”. Mel suga todo o meu prazer, enquanto aperto, fortemente, Isa contra meu corpo em um prazer impetuoso. O ritual termina e as cortinas se fecham no monte Helicón.

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